1 Ano da Newsletter ML4SE 🥳
No dia 10 de Maio de 2023, publiquei o primeiro texto nessa newsletter. E, 40 textos depois, comemoro hoje o primeiro aniversário da ML4SE!
Comecei essa newsletter com dois objetivos:
estudar e me desenvolver profissionalmente nessa área de ML4SE; e
me aproximar da comunidade de desenvolvedores de software.
Assumi o compromisso de escrever nessa newsletter por um ano.
Aos trancos e barrancos, fico muito feliz em mencionar que este é 40o texto dessa newsletter. Obrigado a todos vocês que acompanham esse trabalho, seja lendo os textos, compartilhando com colegas, dando likes nas redes sociais, etc. Meu muito obrigado!
Agora é hora de refletir um pouco sobre o que rolou.
Tem vontade de criar uma newsletter e não sabe o que esperar? Talvez esse texto ajude a gerenciar as expectativas.
📚 Você é dev e quer criar aplicações baseadas em LLMs?
No próximo dia 18/05/2024 (sábado), vai rolar um bootcamp online de 3h de duração, sobre desenvolvimento de aplicações baseadas em LLMs. Alguns dos tópicos que serão abordados:
🟠 Entendendo sobre LLMs
🟣 Testando prompts e engenharia de prompts
🔵 Entendendo de embeddings
🟢 Comparando dados por similaridade
🟡 Conectando com um banco vetorial
E mais, se inscrevendo no bootcamp, você ganha acesso a três cursos sobre LLMs:
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O que é ML4SE?
ML4SE, do Inglês, Machine Learning for Software Engineering, é uma área de pesquisa que utiliza de técnicas de Machine Learning para resolver problemas da Engenharia de Software.
ML4SE é uma área relativamente conhecida no submundo da Engenharia de Software. Quando criei essa newsletter, pensei que esse termo seria também facilmente transposto, e que as pessoas iriam assimilar essa confusão de letras com um número no meio com facilidade. Obviamente me enganei.
Algumas pessoas já me abordaram para falar da newsletter, sem conseguir pronunciar o nome da newsletter. Só assim para eu perceber que não somente as pessoas tem dificuldades em gravar o nome, mas também que o nome não é facilmente pronunciável.
Ou seja, ML4SE é um péssimo nome para uma newsletter.
Vez por outra me pego pensando em qual seria um nome melhor. Confesso que ainda não cheguei a uma conclusão, mas é possível que essa newsletter mude de nome nos próximos meses.
Escrever quando seu trabalho não é escrever
A newsletter nasceu com a tentativa de publicar textos semanalmente. Como escritor acadêmico, minha soberba insistia em dizer que escrever mil palavras por semana seria uma atividade simples e prazerosa.
Nos primeiros 3, 4 meses, eu até que conseguir manter essa disciplina (inclusive houveram semanas que eu publiquei mais de um texto). No entanto, rapidamente percebi que mais importante do que conhecer algumas técnicas de escrita, é conseguir emprega-las regularmente.
Isso, de certa forma, foi um conhecimento novo pra mim. Como acadêmico, parte do seu trabalho é escrever. Você escreve regularmente porque o seu trabalho é escrever regularmente. Agora que coloquei minhas barbas acadêmicas de molho, escrever regularmente não é mais o meu trabalho; ao menos, não é mais o que paga as contas.
Logo, eu preciso arrumar tempo para escrever. Da mesma forma que se arruma tempo para fazer esportes, ir ao supermercado, levar o cachorro para passear, é preciso arrumar tempo para escrever. Escrever passa a competir com todas as demais atividades do dia a dia. Consequentemente, escrever, quando seu trabalho não é escrever, é muito mais difícil.
Um salve a todos vocês que escrevem mesmo que escrever não seja seu ganha pão!
Frequência de escrita
Começar a escrever na newsletter foi fácil. Como qualquer atividade nova, você tende a começar empolgado, ainda mais quando você entende das técnicas da atividade em questão. Mas entender das técnicas não é tudo.
A figura acima contabiliza o número de textos por mês.
Depois de escrever 10 textos entre Maio e Junho de 2023, não demorou muito para a periodicidade diminuir, até cair por completo. Em Julho e Agosto de 2023, reduzi para o esperado número de 4 textos por mês. Mas em Setembro de 2023 eu perdi a sequencia de textos pela primeira vez. Em Outubro de 2023 eu consegui retomar ao 4 textos mensais. Mas…
Entre Novembro 2023 e Dezembro 2023 eu publiquei apenas 5 textos. Em Janeiro de 2024, por outro lado, eu não escrevi nenhum texto. Lembro que naquele momento eu me questionava sobre a continuidade da newsletter. Mais sobre isso a seguir.
Em Fevereiro e Março de 2024 consegui retomar, com uma boa frequência (7 textos publicados nos dois meses), mas Abril novamente quase não escrevi na newsletter. Diferente de Janeiro, em Abril eu de fato gostaria de ter escrito (e tinha vários textos em mente), mas um mix de viagens, doenças e outros afazeres, me afastaram do teclado.
Chegamos na segunda semana de Maio, e este é o segundo texto do mês. Embora eu, como escritor dessa newsletter, ainda trabalharei a mentalidade para manter a periodicidade semanal dos textos, talvez, como leitor dessa newsletter, aguardar 2—3 textos por mês seja algo mais próximo do real.
Quantidade de conteúdo escrito
Esses 40 textos geraram 58.306 palavras, o que é equivalente a um pequeno livro de umas 150 páginas.
Para cada texto, eu tento escrever o mínimo de mil palavras. Como é possível perceber pela figura acima, em 36 dos 40 textos, consegui chegar nesse limite mínimo.
Por outro lado, eu não tenho nenhum limite máximo de palavras por texto. Como eu tento escrever o texto todo de uma única vez, geralmente eu termino 1) por cansaço ou 2) por precisar alternar para uma outra atividade. Deixar o texto para terminar outro dia pra mim é o pior cenário, que eu evito a todo custo.
Qualidade do conteúdo escrito
Na queda de braços entre velocidade e qualidade, eu tendo a priorizar a velocidade na escrita e publicação dos textos da newsletter. Eu muito raramente eu faço edições textuais finas, com o objetivo de melhorar a qualidade do conteúdo escrito. Ou seja, depois de escrever a última linha, o mais provável é que eu clique em “publicar”.
Com isso, os erros de digitação e as sentenças sem sentido acabam indo de brinde para o leitor. Confesso que isso não é algo que eu me preocupe. Desde que comecei a escrever irregularmente em mídias sociais, eu entendi que se for para refinar o texto de um blog (ou, nesse caso, da newsletter) com o mesmo esmero que eu faço em um artigo científico, o mais provável é que esse texto nunca venha a existir.
Vez por outra algum leitor aponta alguns desses erros, o que eu prontamente corrijo. E por mim está tudo bem, pois entre ter um texto de qualidade subótima e não ter o texto, eu prefiro o primeiro caso.
Crescimento da newsletter
Ao iniciar a newsletter, eu imaginava que um grande número de usuários iria encontra-la e, como em um passe de mágica, eu teria uma rica base de usuários. Mas não é bem assim que funciona.
Hoje entendo claramente que a base de usuários só cresce a medida que eu escrevo novos textos. Mas não somente escrever: eu preciso também divulgar esse material.
Confesso que essa parte de divulgação e marketing do conteúdo é uma habilidade que eu ainda não trabalho bem, mas sinto que consegui avançar alguns centímetros. Mas não tem muito atalho. Tem que manter o fluxo de escrita de textos.
Com relação a base de usuários, no momento que escrevo esse texto, a newsletter tem 170 assinantes!
Como podemos perceber na curva de crescimento de usuários, durante Novembro 2023 e Janeiro 2024, a newsletter quase que estagnou.
Estagnação da newsletter
Como comentei acima, durante Dezembro 2023 e Janeiro 2024 eu pensei fortemente em deixar a newsletter de lado. Há dois principais motivos:
Baixo retorno: E aqui eu nem estou falando de retorno financeiro. É retorno no sentido de conseguir criar uma comunidade de leitores interessados no conteúdo. Observar crescimentos meteóricos de outros autores de newsletter me fez acreditar que eu também poderia passar por algo parecido. Demorei para perceber que o jogo da criação de conteúdo é o do longo prazo.
Não entender que o cliente sou eu. Embora escrever seja uma atividade que eu me considero tecnicamente habilidoso, a obrigatoriedade de escrever regularmente, sobre temas diferentes, muitos dos quais eu não domino, gerou por vezes um estresse que eu não conseguia justificar pra mim mesmo. Ora, se ninguém pediu pra eu fazer isso, por que diachos eu deveria estar me estressando? Se estou cansado, é só parar de escrever, não? Depois de tanto tempo trabalhando para os outros, eu demorei pra entender que eu não criei essa newsletter para ajudar alguém; eu criei para me ajudar a me tornar um profissional melhor. Se eu ajudar alguém ao longo do processo, ótimo. Mas o objetivo inicial não era esse.
Eu esqueci que eu sou o principal beneficiário dessa newsletter. Eu esqueci qual era o meu propósito com a newsletter.
Sem um propósito claro, escrever aqui se tornou chato, maçante. Virou mais uma daquelas obrigações da vida adulta que a gente precisa cumprir.
Ter claro os objetivos da newsletter me ajudaram a colocar os pingos nos is. Escrever esse texto, agora, reforça o meu objetivo com essa newsletter. (Não obstante, este está sendo um texto muito gratificante de escrever :-)
Visibilidade dos textos
A newsletter atraiu 9.001 visualizações durante esse primeiro ano. O texto mais visualizado foi o “Não use o ChatGPT para gerar testes de unidade”, com 443 visualizações.
A newsletter tem uma taxa de abertura de 39.9%. Nunca cheguei a investigar outras taxas, mas confesso que considero essa uma boa taxa de abertura.
Embora nenhum texto tenha viralizado na rede, eu considero bem interessante esses números. Não tenho dados para comparar com meus textos acadêmicos, mas acredito que poucos são os artigos que eu tenho mais de 400 visualizações — mesmo estes estando disponíveis em grandes sites de editoras.
Organização para escrever
Eu fico impressionado com algumas newsletters que eu assinto. Religiosamente, o texto está na minha caixa de entrada, toda a semana, no mesmo horário.
Esse é um nível de disciplina que eu não consigo nem entender direito. Eu fico feliz só de conseguir escrever algo na semana corrente; manter o fluxo de textos no mesmo dia e horário pra mim é algo impensável :-)
Por algum tempo eu escrevia aos domingo, de tarde/noite. Mas como domingo é um dia bem família, eu mentalmente tendia a deixar pro último minuto possível (até chegar ao ponto de tardiar para segunda). Tentei também planejar a escrita para dias como quarta-feira e/ou sexta-feira. Mas, sinto que ter um dia fixo não funciona bem comigo, uma vez que vez por outra tem algum evento social que colide com o dia de escrita, tardiando mais um texto na newsletter.
Mas, no fim, não tenho dia certo para escrever. Escrevo, quando dá.
Por outro lado, quando eu escrevo, eu tendo a escrever todo o texto de uma única vez. Eu evito quebrar escrita do textos em múltiplos dias, uma vez que isso cai no problema de competir com eventos sociais, deixando a escrita do texto pro último minuto possível.
Uso de ferramentas de IA
Embora eu sempre escreva miolo do conteúdo, eu regularmente uso o ChatGPT em algumas partes do conteúdo. Por exemplo, para identificar erros de sintaxe ou fazer pequenas melhorias no texto, eu uso um prompt do tipo: “Faça apenas pequenas melhorias ortográficas no texto abaixo”.
Em outros casos, eu peço para o ChatGPT gerar algum conteúdo que eu possivelmente já escrevi algumas outras vezes (e estou com pouco interesse em escrever novamente), algo como “Escreva 40 palavras sobre embeddings”. Também recorrentemente uso o ChatGPT para escrever a conclusão dos textos (p.e., “Dado esse texto de blog, escreva uma conclusão em 30 palavras”).
Além do ChatGPT, as figuras que acompanham os textos também são geradas com ferramentas de IA. Testei várias ferramentas ao longo desse ano. Mais recentemente, tenho usado somente o DALL-E 3.
Monetização da newsletter
Na internet tem vários exemplos de newsletters bem sucedidas, em que o autor da newsletter recebe algumas dezenas (centenas?) de milhares de dólares, como resultado de uma rica base de usuários que confiam no conteúdo compartilhado.
Esse claramente não é o caso dessa newsletter :-)
Embora exista uma versão paga dessa newsletter (que eu confesso nem lembrar qual é o valor), não há nenhum assinante pago cadastrado. Algumas pessoas já me consultaram para saber quais outros benefícios elas teriam acesso, caso mudassem para um plano pago. Infelizmente, não há outro benefício ao assinante.
Eu já cheguei a pensar algumas ações que poderia desenvolver na newsletter paga (como textos mais profundos, vídeos explicando os textos já escritos, etc), mas acho que em nenhuma dessas ações eu achei interessante o suficiente para agregar valor aos assinantes — acho que nem mesmo eu pagaria para assinar a minha newsletter.
Dessa forma, a newsletter não gera nenhum retorno financeiro diretamente. No entanto, criar a newsletter me fez perceber outras formas de monetização
Monetização inspirada pela newsletter
Embora esta newsletter não monetize diretamente, ela ajudou a monetizar indiretamente.
Através da newsletter, eu percebi que existia uma demanda para criação de material técnico mais profundo. Por conta disso, comecei a criar alguns cursos técnicos, e divulgar aqui pela newsletter. Até o momento, já criei três cursos:
Como esses cursos são gravados, os alunos tem poucas chances de interagir com outros alunos e também comigo, como instrutor desses cursos. Por conta dessa falta de interação, algumas pessoas me consultaram sobre a possibilidade de realiza-los em um formato síncrono. Pensando nessa demanda, nasceu o Bootcamp LLM4Dev, um treinamento de 3h focando em como criar aplicações baseadas em LLMs.
Mas nenhum desses materiais teria sido construído se não existisse a newsletter. Ao escrever, compartilhar, receber feedback e refletir em cima, deu pra observar novas demandas que, por sua vez, puderam ser monetizadas.
Agradecimentos
Talvez essa newsletter não teria existido se não fosse o Alberto Tavares. Lá no passado, o Alberto já tinha me provocado na possível criação de um serviço de resumos de textos científicos. A idéia parecia boa, mas acabou que não foi pra frente. Mas a semente tinha sido plantada.
Preciso também agradecer a todos vocês que lêem meu conteúdo, que compartilham com colegas, que me ajudam indicando meus erros (sejam eles técnicos ou de ortografia), etc. Saber que tem alguém do outro lado da linha é muito gratificante pra esse trabalho, que é majoritariamente sozinho.
Obrigado!